Eu tenho um plano de fuga e ele envolve um balão.
Tenho impulsos, fantasias, desejos e tenho cicatrizes de estimação.
Eu tenho mania de não programar um futuro decente, de dar saltos sem rede,
de improvisar outro caminho e de viver pra contar.
Eu acredito que se tiver que acontecer, acontecerá.
Eu tenho dúvidas impublicáveis, acordos secretos
e promessas seladas com o menor dedinho da mão.
Eu não creio em quase nada que não saia do coração.
Eu busco por tudo que não tem regras
e vou atrás do que é surpreendente.
Eu vivo 30 horas diariamente.
Eu não consigo ficar parada
e levo minha vida cigana.
Vivo 9 dias por semana.
Vou me virando,
nos meus 15 meses por ano.
Vou brindando,
os meus vinte e poucos anos.
Não é porra-louquice esse meu desespero infernal.
Eu só quero ser roteirista da minha história,
ter boas memórias e escrever um bom final.
Eu quero espiar pelo buraco da fechadura do mundo.
Ir além dos meus muros.
Havaí, Istambul e o escambau.
Quero acreditar em horóscopo, numerologia e conjuntura astral.
Quero rir dos meus erros, fazer os meus dramas e etc & tal.
Quero desencontros, encontros e a família reunida no Natal.
Quero olhar o pôr-do-sol pela janela.
Percorrer a pé o caminho de Santiago de Compostela.
Jantar à luz de velas e também uma boa farra no carnaval.
Quero aprender a me virar sozinha
Porque é sozinho que estamos todos, afinal.
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